terça-feira, 30 de março de 2010




Deathspell Omega

album: Fas - Ite, Maledicti, In Ignem Aeternum


1. Obombration
2. The Shrine of Mad Laughter
3. Bread of Bitterness
4. The Repellent Scars of Abandon and Election
5. A Chore for the Lost
6. Obombration

Download. http://www.megaupload.com/?d=R3OSMMEA

Link do blog. ( blackmetalporra.blogspot.com ) com ótimo realese do albúm

Realese do albúm pelo site www.serpente.net

texto por AiresFerreira
http://www.myspace.com/airesferreira



Algo já verificado e comprovado no universo musical actual, é a velocidade com que a fusão de géneros e inclusão de influências ocorre. Ninguém havia imaginado há dez anos a repercussão de algumas igrejas queimadas, alguns assassínios, entre outras polémicas, fosse despoletar tal interesse num género minimalista como o Black Metal escandinavo a nível mundial. Ninguém teria sequer sonhado que em tão curto prazo o Black Metal evoluísse para fórmulas tão distantes como a mistura com Death Metal, Orquestras ou mesmo Jazz.
Ainda que estas inovações tenham acontecido, foi uma questão de meses até as editoras – rendidas ao dinheiro fácil – editassem dezenas de discos e bandas dedicadas exclusivamente à cópia disparatada do que era feito por outros artistas. Com isto, conseguiu-se não só inundar o mercado com dezenas de bandas que jamais deveriam ter saído do bar local para impressionar as miúdas, assim como sufocar totalmente o género. Ao longo dos anos foram surgindo misturas com o Doom e o Funeral, que para não variar, poucos meses depois, apresentam já explícitos sinais de esgotamento criativo.
Mais frustrante ainda, os supostos conceitos que rodeavam os discos, na sua maioria, mantinham-se à volta de Satanás – ou como lhe preferirem chamar – e a nítida certeza que tal entidade haveria de vestir casacos de couro com picos, beber cerveja e fazer headbanging nos concertos de Black Metal. No entanto, em 2004, uma banda que já havia dado que falar no meio – derradeiramente – underground, graças a participações com Clandestine Blaze e Mütiilation em Splits, editou «Si Monumentum Requires, Circumspice» e quase toda a imprensa e apreciadores do género encontraram a alternativa. O Ep do ano seguinte, «Kênose», reforçou esse estatuto, e para não variar, tornou os Deathspell Omega mais uma banda para todos adicionarem no role de favoritas do seu myspace.
Felizmente, Mikko Aspa, o provável líder da banda, à semelhança do que acontece nos seus projectos mais conhecidos (Clandestine Blaze e Fleshpress), mantém-se convicto e disposto a revolucionar o género. E é precisamente isso que acontece «Fas - ite, Maledicti, In Ignem Aeternum»: revolução.
Neste novo colosso, o Black Metal regressa ao sentimento original: música perturbadora. «F.A.S.» é tudo menos um disco para ouvir com os amigos ou beber cerveja no bar local. Esta é uma obra construída com a mestria só possível aos que acreditam no conceito que a arte precisa de técnica e não só de sentimento, para ser totalmente eficaz. E a técnica é tal que todos os instrumentos utilizados parecem ser redescobertos, em avalanches de vários riffs, ou aparente caos, que se encontram no momento mais inesperado para um redobrar de força, intensidade e toda a maldade incluída – cirurgicamente – em cada segundo deste disco. As frequências, uma das secções rítmicas mais assustadoramente trabalhadas numa mistura que vai do típico Blastbeat até ao psicadelismo de um John Zorn, a composição e variações de dezenas de tempos e claro, a voz de um dos melhores vocalistas do género a envolver todo este verdeiro ritual, predisposto para a destruição do ouvinte.
Por fim as letras, perfeitamente enquadradas para um qualquer mestrado em Cosmologia, têm profundidade suficiente para ridicularizar certeiramente todas as bandas que parecem ter as expressões “goat”, “sickness”, “northern skies” ou “evil” como obrigatórias.
Por tudo isto, e tudo o resto que irão encontrar nas diversas audições que este disco requer, é-vos garantido que todas as palavras acima escritas são apenas uma página, sobre um livro que deveria ser escrito para uma avaliação total da genialidade que se encerra em «Fas - ite, Maledicti, In Ignem Aeternum». O que os Mayhem tentaram fazer no seu último registo, é aqui conseguido. Agora que venham as cópias e todos os fãs que gostavam mais da primeira demo, porque os Deathspell Omega garantem-vos, com obras deste calibre, que jamais será possível replicar o seu trabalho com sucesso. «F.A.S.» é “somente” o início de uma nova era no Black Metal. Uma era, monumental.